Lugar de fala
Dentro do movimento feminista, e de organização de mulheres, saber a sua posição na luta é muito importante para entender suas próprias reivindicações, já que ela não é única e universal, passando por vários recortes como os de classe, raça, sexualidade.
A autora Djamila Ribeiro, em seu livro "Lugar de fala" diz que quando as feministas brancas lutam pela ideia de um feminismo universal, acabam tirando a voz de outras mulheres, e que isso dificilmente chegará a contemplar uma equidade real dentro da sociedade, pois apaga as múltiplas reivindicações e diferentes posições de luta. Pensar sobre o lugar de fala, é refletir sobre a nossa própria fala.
Sueli Carneiro nos mostra que o racismo é um determinante das hierarquias de gênero em nossa sociedade, então, cabe aos movimentos feministas pensarem maneiras de combater essa questão; caso contrário, também acaba contribuindo em manter as relações entre as mulheres hierarquizadas, reproduzindo o discurso hegemônico.
Numa sociedade como a brasileira, de herança escravocrata, pessoas negras vão experienciar racismo do lugar de quem é objeto dessa opressão, do lugar que restringe oportunidades por conta desse sistema. Pessoas brancas vão experienciar do lugar de quem se beneficia dessa mesma opressão. Por exemplo, quando as mulheres feministas brancas da primeira onda lutavam pelo direito de trabalharem fora de casa, as mulheres negras já trabalhavam há séculos. Logo, ambos os grupos podem e devem discutir essas questões, mas falarão de lugares distintos.
Djamila diz que pensar em lugar de fala seria romper com o silêncio instituído para quem foi subalternizado, um movimento no sentido de romper com a hierarquia, que considera violenta.
Maravilhosa a sua exposição, Roneide! Podemos visualizar a sensibilidade que teve em analisar o exposto pela autora. Realmente, quando questionamos os espaços de fala e a quem pertence, podemos perceber a imposição de poderes. Não nos calaremos! Não deixaremos que falem por nós! Vamos reivindicar nossos espaços de fala, sempre e em todos os lugares!
ResponderExcluirParabéns pela fala. Por muitos anos, nós mulheres negras, tivemos o nosso espaço restringido. Como fico feliz quando vejo no presente os espaços sendo ocupados por nós nas escolas, blogs, Universidades. Há muitos lugares a serem ocupados. Sigamos!
ResponderExcluirMuito bom, parabéns, expôs com clareza a realidade no mundo
ResponderExcluirIncrível abordagem! É através do conhecimento que ganhamos espaço no mundo, é através dele que exercemos nosso "lugar de fala", e é através dele que vamos cada vez mais longe de nossas próprias convicções.
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